DIRETOR DO DOCUMENTÁRIO DE AMERICAN IDIOT, CONCEDE ENTREVISTA À GREEN DAY BRASIL
- Green Day Brasil
- 4 de dez. de 2015
- 5 min de leitura
No último mês de outubro após 11 anos de espera, Heart Like a Hand Grenade, documentário sobre o processo de gravação do álbum American Idiot, foi lançado através de sessões de cinema ao redor dos Estados Unidos e pela plataforma de stream Vimeo, onde a versão digital está disponível para compra e aluguel. A versão física chegou às lojas da terra do Tio Sam nó último dia 13 de novembro e ainda não é certo que haverá lançamento nacional. O documentário foi dirigido pelo cineasta independente, John Roecker e possui pouco mais de 1h30min de duração.
Nós da equipe Green Day Brasil já mantínhamos um certo contato com o diretor através das redes sociais há algum tempo e Roecker sempre se mostrou disposto e empolgado em conversar sobre o doc, resolvemos então arriscar. Perguntamos a ele sobre a possibilidade de uma entrevista a respeito do filme e ele prontamente respondeu que sim, mas que deveria esperar o lançamento da versão física do DVD.
Confiram com exclusividade a primeira entrevista de John Roecker para a imprensa brasileira. São 14 perguntas que englobam o processo de produção, falando ainda sobre o clima no estúdio, amizade e músicas que não entraram na versão final do disco.

Quando ocorreu o primeiro contato entre você e o Green Day sobre a produção do documentário? Quando você começou a gravar no estúdio?
Não havia nada decidido sobre esse documentário. Billie e eu estávamos conversando sobre seu novo projeto quando ele estava em Nova Iorque e, também, quando ele estava em meu filme, Live Freaky! Die Freaky. Eu havia dito pra ele algumas vezes que ele devia ser gravado e finalmente ele me deu uma pista e me chamou pra fazer o filme. Mas não havia contratos, nem uma equipe gigante ou aluguel de câmeras gigantes ou nada dessas besteiras. Foi tudo um processo natural. E, na realidade, eu comecei a gravá-los no segundo dia, como pode ser visto no doc, acabei perdendo o incêndio no estúdio!
E de quem partiu a ideia para esse documentário? (Banda, Warner ou você?)
A ideia foi em comum entre Billie Joe e eu. Como eu mencionei, estávamos conversando sobre o álbum e eu lhe disse que ele precisava documentá-lo. Nunca imaginei que iria acontecer, mas Billie tinha fé em mim e sabia que eu poderia capturá-los de uma forma que eles nunca haviam sido vistos antes.
É de conhecimento geral que American Idiot teve origem após o roubo das master tapes de Cigarettes and Valentines, Você já estava em estúdio durante essas sessões de gravação? Você ouviu falar sobre isso naquela época?
American Idiot foi um projeto totalmente novo e não há conexão entre ele e o disco perdido. Eu não estava em estúdio naquele momento e estava ocupado trabalhando com outra banda, The Network. A única coisa que soube sobre o álbum perdido foi o que li nos jornais. Adorei a ideia de um disco ou filme perdido, é tão romântico! O público estava preparado para uma punk rock opera turbinada politicamente? Eu esperava que sim e aconteceu, virou um grande sucesso.
O Green Day parecia bastante confiante com esse disco, você imaginou que ele seria tão grande antes do lançamento?
Eu sabia que ele era fantástico mas a minha fé nas massas não é a melhor. O público estava preparado para uma punk rock opera turbinada politicamente? Eu esperava que sim e aconteceu, virou um grande sucesso. Foi a cereja no bolo. Porém, nenhum de nós entrou nesse projeto achando que seria um estouro, era apenas uma banda fazendo o que queria sem pretensões. Acredito que se alguém lança um álbum esperando vender milhões, ele é um idiota. Faça arte e então veja até onde ela chega.
Porque demorou tanto tempo para o documentário ser lançado? O quão diferente ele é da versão que foi exibida em 2009?
Fazer o filme é algo fácil em comparação com finalizá-lo. Não há uma resposta certa do porquê levaram 11 anos, mas estou feliz que ele não foi lançado junto com o álbum. Isso me permitiu revisitar as gravações brutas e editar novamente os cortes, pude usar as trilhas feitas pelo Dylan Melody, o que foi ótimo, porque ele tinha só 10 anos quando o álbum foi lançado e foi influenciado por ele à fazer música e agora ele está fazendo música para o filme do álbum. Foi o destino. A versão de 2009 foi a primeira. Eu nunca estive satisfeito com o filme porque as gravações ao vivo do primeiro show dele haviam sido perdidas. Então tive de editar ele apenas com as gravações do álbum, o que eu odiei. Então as fitas do show no Henry Fonda foram encontradas e eu pude adicionar os cortes ao vivo. Assim, agora eu tenho um filme que estou 100% feliz e orgulhoso, assim como os garotos.
Além do aspecto selvagem, eles estão dispostos em assumir riscos e tentar coisas novas. A personificação do punk rock.
Como você descreveria a vibe/atmosfera no estúdio?
Tinha muita liberdade. Era um clube de pessoas rindo, criando, fumando e bebendo. De certa forma, era como ser esquecido em casa pelos pais que foram viajar, só que criando música.
Você disse que existe um show gravado onde a banda tocou o álbum por completo, ele será lançado algum dia?
Foi o primeiro show que eles tocaram após o álbum ser lançado, aconteceu no Henry Fonda Theater. Espero que ele seja lançado algum dia, mas não faço ideia. Talvez em mais 11 anos…
Você está envolvido na cultura punk rock há muito tempo. Como foi gravar uma das maiores e mais influentes bandas do gênero?
Nunca pensei nisso dessa forma. Sou apenas um amigo que embarcou com eles. O punk rock continuará com ou sem a gente. Ele tem sua própria consciência.
Você acredita que o documentário pode ajudar ou motivar a nova geração a manter o punk rock vivo?
Como eu disse antes, é fantástico documentar tudo isso. Fomos espertos em documentar esse álbum. Não recebi dinheiro nem nada. Tudo o que você precisa é visão e então colocar a câmera pra gravar.
No processo de gravação, você saberia dizer qual música foi a mais complicada a se gravar para eles? Porque?
Não foi difícil, mas posso dizer que não era como eu esperava. Eu achai que os três entrariam e tocariam as músicas ao mesmo tempo. Agora eu sei que você pode gravar primeiro a bateria, depois guitarra, depois baixo e depois vocais. Tudo separado. Então eu aprendi bastante, o que me ajudou a gravar meu album com o Dylan. Obrigado Green Day por me mostrar o caminho!
Você saberia dizer quais músicas foram descartadas antes de finalizada a tracklist? Você gostou de alguma que não entrou no álbum?
Apenas duas ficaram de fora, Favorite Son e When it’s Time. O álbum poderia ter 50 músicas que eu jamais pediria para eles pararem.
Qual foi a primeira impressão que teve ao conhecer Billie, Mike e Tré?
Eu já os conhecia há alguns anos. Mike é um cara muito sensitivo e uma pessoa muito gentil. Tré é completamente louco, engraçado e talentoso. Todos os três são muito inteligentes e isso me atraiu. Além do aspecto selvagem, eles estão dispostos em assumir riscos e tentar coisas novas. A personificação do punk rock. Billie e eu temos uma relação próxima, nos entendemos e apoiamos um ao outro… ele é um dos poucos homens que consegue me fazer rir.
Por fim, como você os descreveria como pessoas?
Mais altos do que o esperado.
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