top of page

BILLIE JOE REVELA AS 15 CANCÕES QUE DEFINIRAM SUA VIDA

Em recente entrevista para a revista Rolling Stone, Billie Joe Armstrong, vocalista do Green Day relembrou as 15 canções da vasta discografia da banda que poderiam definir sua vida.


A revista chegou a postar uma versão traduzida da matéria, porém ela foi resumida ao ponto de grandes citações do frontman ficarem de fora. Nosso amigo André Dal Corsi colaborou com a gente e traduziu o artigo completo que você confere abaixo:


 

Billie Joe Armstrong: minha vida em 15 canções



O frontman do Green Day conta as histórias por trás de seus grandes clássicos, desde as zonas punk à Oeste de Oakland até a fama mundial, corações partidos e fúria política


Billie Joe Armstrong lembra-se de perguntar ao seu professor de música uma coisa que mudaria sua vida. “Eu disse, ‘Como você compõe uma música?’”, relembra o guitarrista e vocalista do Green Day, 47, em seu estúdio em Oakland. “Tudo que ele disse foi, ‘É verso, refrão, verso, refrão, ponte — misture da forma que você quer’”. Pouco tempo depois, isso era tudo em que Armstrong conseguia pensar sobre. Seus hinos de apenas três acordes sobre crescer — com toda a solidão, ansiedade, uso de drogas e masturbação o acompanhariam ao longo do caminho — ressoou junto de uma geração com o álbum Dookie e outros além dele.


Seja ele compondo canções punks ou uma poderosa e politizada opera rock, Armstrong segue as mesmas regras: “É bem importante tentar ser o mais honesto possível com seu público”, diz. “Quando pessoas encontram uma conexão profunda, é porque você está tentando encontrar sua própria conexão dentro de si mesmo. Eu acho que essa é a coisa que realmente acaba transcendendo”.


Alguns hits vêm em cinco minutos, outros levam tempo. Ele recentemente terminou uma música que vem mexendo desde 1993. E em fevereiro, aos 30 anos de suas carreiras, o Green Day irá revelar um empolgante novo som em seu 13º álbum de estúdio, Father Of All…


Armstrong diz que isso vem de uma pegada mais soul — Motown, Prince, Amy Winehouse e outros — “colocando isso através do filtro do Green Day”. Na faixa-título, ele canta em falsete enquanto o baterista Tré Cool toca ferozmente uma levada à la Mitch Mitchell que segundo Armstrong, “é uma das coisas mais insanas que ele já tocou”.


“Billie estava se esforçando para chegar a um novo lugar”, afirma o baixista Mike Dirnt. “E nós tivemos que seguir essa trilha. O que é de se esperar, pois ninguém vai mais à fundo do que Billie”.


Em conversa, Armstrong é amigável, mas também um pouco reservado, dando grandes pausas entre as respostas sobre seu processo [criativo]. “Eu não quero que soe como se eu estivesse me gabando”, ele afirma, parando a si mesmo em um momento. Cool, seu colega de banda e amigo por três décadas, o descreveu certa vez como “talentoso e atormentado. O cérebro do Billie é como 18 gravadores de fita tocando simultaneamente com repetição automática. Então ele tenta conversar… e ele vai encarar você nos olhos se perguntando ‘Hãm?’”.


“Ele que se foda!” diz Armstrong agora, rindo, depois de ouvir o comentário. “O que ele sabe?”. Mas Armstrong admite que ele não tem tanta certeza como seu cérebro funciona quando se trata de composição. Mesmo com as diversas músicas que escreveu, ele continua sentindo-se ansioso quando não escreve música alguma há um tempo. “Você se sente como: ‘Meu Deus, vou escrever outra música novamente?”. Então, de repente, algo borbulha e você vai de um sentimento de fracasso para rei do mundo”.


409 in Your Coffeemaker

Slappy EP (1990)



Eu tinha acabado de largar a escola, e eu estava me sentindo realmente perdido - como um sonhador que estava sendo deixado para trás. Não sabia o que a vida seria. Penso que é neste momento que me sinto o mais honesto como compositor, quando estou perdido. Então eu peguei este sentimento triste e transformei em algo que parecia mais empoderado: “My interests are longing to break through these chains/These chains that control my future’s aims (Meus interesses estão ansiosos para romper essas correntes/Essas correntes que controlam os objetivos do meu futuro). Minhas músicas eram sobre paixão até aquele momento. Essa aqui soou mais como uma diferente versão de mim mesmo. Me lembro quando tocamos isso pela primeira vez; as pessoas foram realmente receptivas, especialmente os punks que eram da cena. Nós lançamos nosso primeiro álbum e um EP, mas é aqui que sinto que eu realmente encontrei meu ritmo como compositor. Eu tinha 18 anos”.


2000 Light Years Away

Kerplunk (1992)



Na primeira turnê que o Green Day participou, eu conheci minha esposa, Adrienne, em uma casa de shows em Minneapolis. Ela pediu meu endereço pois ficamos sem nenhum disco pra vender. Então começamos a nos corresponder e meio que nos tornamos amigos, tendo longas conversas e encarecendo ainda mais nossas contas de telefone. Então o Green Day reservou essa mini-turnê. Dirigimos da Califórnia direto para Minnesota. Ninguém realmente soube o motivo de termos dirigido de Wisconsin até Minnesota só pra tocar, mais ou menos, em quatro shows, mas eu realmente estava indo para vê-la. No caminho de volta escrevi “2000 Light Years Away”. A música se compôs sozinha. Eu gravei no violão e enviei em uma fita cassete para ela. Quando você escreve uma canção para a pessoa que você está apaixonado, você não sabe qual o tipo de resposta que virá. A última coisa que você quer é alguém dizendo “Você é um stalker!”. Mas tem sido uma peça fundamental em nossa setlist desde então, e isso levou a muitas, muitas e muitas canções que acabei escrevendo sobre ela nos últimos 30 anos.


Welcome to Paradise

Kerplunk (1992); Dookie (1994)



Eu tinha saído dos subúrbios para ir até Oeste de Oakland em um armazém que havia infestação de ratos em um bairro realmente fodido, junto de um monte de amigos e punks malucos. Eu estava pagando 50 dólares de aluguel mensalmente, o que era ótimo, pois, estando em uma banda, você recebe uns trocados aqui e ali — então era fácil de pagar o aluguel, comer miojo e comprar maconha.


Foi uma experiência que abriu horizontes. De repente, eu estava por conta própria, ficando doidão em um dos bairros mais perigosos em Oakland. Você olha ao redor e olha as ruas rachadas, lares despedaçados e bairros do gueto, e você está no meio disso tudo. Você está assustado, pensando: “como que eu dou o fora daqui?”. Então de repente esse lugar começa a parecer um lar. Existe uma espécie de empatia que você tem ao seu redor quando está perto de viciados, sem-teto e tretas de gangue. “A gunshot rings out at the station/Another urchin snaps and left dead on his own" (Um tiro soa na estação/Outro garoto de rua passa mal e é abandonado morto) — Estava descrevendo exatamente como era ao meu redor. Não há uma parte dessa música que não seja verdade. É uma ótima música ao vivo para começar. Penso que a musicalidade da ponte é um presságio sobre quais coisas estavam vindo até nós no futuro, quer soubéssemos ou não.


She

Dookie (1994)



Tive uma namorada chamada Amanda, dessas estudantes da Califórnia. Eu aprendi muito sobre feminismo com ela. Ela me deu uma aula que penso que foi muito oportuna para mim. Eu era só um garoto burro que tinha abandonado a escola. Ela estava me contando sobre o jeito como as mulheres têm sido objetificadas por muitos anos, e eu estava apenas ouvindo. Escrevi para ela como se fosse uma canção amorosa, mas também foi sobre aprender sobre o ativismo dela. Quando é dito “Scream at me until my ears bleed" (Grite comigo até meus ouvidos sangrarem), eu estava meio que indo, “Estou aqui para ouvir”. Em qualquer tipo de militância, a primeira coisa que você precisa fazer é ser um bom ouvinte. A música se torna sobre um entendimento em si. Ela apenas soa tão boa de cantar. Sinto muito orgulho disso; é muito simples, três acordes. É uma música cultuada pelas pessoas. Daquelas que não eram singles, mas tinham vida própria. Esses são os tipos especiais de música.


Longview

Dookie (1994)



Eu realmente amei a música feita pelo Pretenders chamada “Message Of Love”, e quis escrever uma música parecida, mas a gente precisava de uma linha de baixo. Estávamos todos vivendo nessa casa em Richmond, Califórnia, e eu acho que tinha ido ao cinema. Todo mundo em casa tinha tomado ácido. Então eu cheguei em casa e Mike está sentado no chão da cozinha viajando, e ele tava com o baixo ligado, então ele diz, “Eu descobri isso, cara! Eu descobri!”. Ele tocou a linha de baixo para mim pela primeira vez bem ali. Eu não sabia o que pensar sobre, pois eu estava como se fosse: “bem, ele tá doidão de ácido, então não posso dizer se ele vai ao menos lembrar disso”. Então terminamos tocando no dia seguinte, e ficou simplesmente desse jeito.


A letra é sobre sentir-se como um perdedor, vendo TV, se masturbando e se sentindo sozinho. Eu estava muito assustado na época. Estava no limbo. Não tinha namorada — levou, tipo, quatro anos para eu e Adrienne ficarmos juntos; desde 90 até 94. Assinamos com uma gravadora major, e houve uma reação na época porque éramos dessas bandas underground. As coisas pareciam fora do meu controle, e parecia um acordo de tudo-ou-nada. É uma música com uma sonoridade única quando você realmente olha para ela. Ninguém estava tocando ritmos com aquele swing, ou com esse tipo de poder nos refrões. O Grunge se tornou algo “bastardizado” pelas imperfeições e eu acho que estávamos vindo de um lugar que parecia um pouco mais difícil e otimista. Foi super dançante e levou as pessoas à loucura.


Brain Stew

Insomniac (1995)



Essa música é surpreendente. Eu tinha acabado de comprar um equipamento de gravação, e eu criei o riff quando estava experimentando pela primeira vez: “Ah, isso é maneiro”. Isso quase soa como uma música dos Beatles mais difícil, assim como ‘While My Guitar Gently Weeps’”. A canção é sobre metanfetamina, não conseguir dormir e ficar acordado a noite toda. Havia algo que estava entrando na nossa cena punk na época, e eu definitivamente fiz meu experimento com isso. É uma droga cruel.


As coisas estavam ficando realmente assustadoras. Sou muito dedicado como músico e compositor, e quando Dookie tornou-se tão grandioso — isso era esperado por se tornar em um dos maiores discos pop de todos os tempos — eu realmente procurei ser como, “eu sou roqueiro. Eu sou um punk rocker. Isso importa mais do que me tornar algum tipo de estrela pop”. Isso meio que alimentou esse álbum.


Tudo estava acontecendo. Me casei, tive um filho, eu tinha 23 anos e as pessoas estavam subindo em minhas árvores para olhar dentro da minha casa. Foi a parte assustadora em se tornar uma estrela do rock, ou qualquer coisa que seja. Você não consegue controlar o que está fora da sua vida. Quis mostrar o lado mais feio do que o Green Day era capaz.


Good Riddance (Time Of Your Life)

Nimrod (1997)



Escrevi essa lá atrás quando estava compondo para o Dookie. Foi para uma namorada que estava se mudando para o Equador. Fui até uma festa em sua casa em Berkeley, onde todos esses estudantes universitários passavam um violão entre eles tocando e cantando — um momento do tipo com “caras esquisitos com rabos de cavalo e violões”. Me lembro de pensar, “Ah, cara, eu deveria tentar fazer uma música acústica”, então escrevi essa música sobre ela e o fim de nosso relacionamento. “Tattoos of memories and dead skin on trial" (Tatuagens de memórias e pele morta em julgamento)” — Eu tatuei o nome dela, e então eu tive que cobri-la, e isso é tudo.


É sobre tentar ser legal, aceitando o fato de que, na vida, pessoas seguem direções diferentes. Isso foi uma direção diferente descontrolada: estava me preparando para promover o Dookie em turnê, tinha um single na rádio, e tudo estava começando a acontecer. Ela estava mudando para o Equador para continuar seus estudos e viver com sua família por lá. Pessoas entram na sua vida e é maravilhoso, mas elas parecem sair dela mais rápido do que entraram. É sobre isso que a música fala.


Então escrevi ela em 1993 — a canção toda estava pronta — mas não achava que fosse para o Green Day. Então estávamos gravando o Insomniac, eu fiz uma demo, mas eu não tinha certeza se iria para aquele álbum, também. Eu não sabia o que fazer. Quando criamos o Nimrod, eu estava tipo, “vamos ver o que acontece”. Nós colocamos essa pequena coisa de quatro acordes nele, o que contraria tudo que o Green Day era conhecido. E isso foi incrível. Um mundo totalmente novo foi aberto: “Puta merda, nós conseguimos fazer muito mais”.


Ela ganhou vida própria. Eu definitivamente não estava pensando em formaturas ou casamentos quando escrevi essa música. Uma garota acabou de enviar uma mensagem para mim no Instagram [dizendo] que ela teve um irmão que morreu, e que ela se tornou uma canção que a família dela ouvia e que eles relacionavam à sua experiência. Isso é realmente lindo quando você reflete sobre isso.


Minority

Warning (2000)



Depois de “Time Of Your Life”, eu comecei a tocar mais violão, e eu realmente quis que houvesse mais em Warning. E também havia um monte de coisa horrorosa acontecendo no meio do Pop Punk, e eu queria ir contra esse gênero. Isso parecia o próximo passo. Eu estava começando a ouvir mais The Kinks e The Who, os que mais encontraram muita força em uma música acústica e usaram a guitarra quase como uma bateria. “Pinball Wizard” é tão percussiva. Eu escrevi esta um pouco antes da eleição entre George Bush e Al Gore. Comecei a sentir as engrenagens políticas começando a girar para o conservadorismo. Eu penso que essa música é uma forma de declarar que você está andando fora da curva, que você não faz parte do rabanho, e está tentando encontrar seu próprio individualismo. Pareceu que estávamos mergulhados em algo que era mais conceitual com certeza.


Gostaria de voltar e regravar esse álbum. Era justamente quando o ProTools começou a rolar. Eu quero voltar e fazer tudo com mais ao vivo, pois acho que “Minority” ao vivo é muito melhor do que quando está no álbum. Mas essa é apenas uma dessas coisas que você pensa demais sobre.


Jesus Of Suburbia

American Idiot (2004)


Eu amei a música “A Quick One” feita pelo The Who, e e u decidi que amaria compor uma música parecida como uma mini-ópera. Nós tínhamos um estúdio onde podíamos trabalhar e experimentar tudo e, Mike, Tré e eu fomos criando pequenas vinhetas de 30 segundo, tentando encaixá-las em estúdio.


Depois de escrever “American Idiot”, eu estava pensando “Quem é o personagem?”. Então as ideias começaram a borbulhar dentro de mim. “I’m the son of rage and love/The Jesus Of Suburbia/The Bible of none of the above (Eu sou o filho do amor e ódio/O Jesus do Subúrbio/A bíblia de nenhuma das opções acima)”. Isso pareceu que eu estava em uma área desconhecida pela primeira vez, realmente. Levei minha composição a outro nível. Começa quase como doo-woppy, e então termina quase como nessa direção à la Black Sabbath. É tipo uma coisa ao-redor-do-mundo-em-oito-minutos ou algo do tipo. E Jesus Of Suburbia terminou sendo o personagem que percorreu pelo álbum todo.


Holiday

American Idiot (2004)



Havia uma época em que nosso país estava avançando em uma guerra por razões irreais. Muito disso teve a ver com políticas e petróleo. Pareceu que o país começou a se separar. Penso que o catálise dessa situação na qual nos encontramos, na verdade, começou com George W. Bush. Então essa música foi justamente sobre tentar encontrar sua própria voz e sua própria individualidade e questionar tudo que você vê na televisão, na política, escola, família e na religião.

Eu estava mergulhando um pouco no personagem. Eu quis algo que fosse bem desagradável. Eu definitivamente quis fazer algo que provocasse. Então eu pensei em coisas como, “Sieg Heil to the president Gasman" (Sieg Heil ao ‘President Gasman’), fazendo alusão aos velhos filmes-propaganda nazistas produzidos pela Alemanha, contrastado com os negócios do governo Americano. Eu estava meio que brincando e usando a língua inglesa contra ela mesma. Com o riff, eu brinquei com os acordes colocando-os de maneiras diferentes, dando eco e atraso neles, fazendo coisa que eu normalmente faço e tentando criar riffs.


21 Guns

21st Century Breakdown (2009)



Eu fiquei realmente esgotado, pois eu estava me forçando a levar as coisas a um novo nível musicalmente e liricamente falando, e isso ficou bem sério e sombrio. Eu tive esse sentimento de procurar por redenção. Eu estava meio que vivendo como uma alma torturada. E você termina como se meio que estivesse torturando as pessoas que estão a sua volta, seja sua família ou seus amigos, e ninguém entende o que é isso pelo que você está passando, e talvez seja apenas ser um artista ou as dores de envelhecer. Então esse é o tipo de música, onde você fica tão perdido que você se perde naquilo que está fazendo que, em algum ponto, tudo o que você faz na vida é tentar encontrar seu caminho de volta. Talvez voltar a sanidade. Às vezes você tem que descobrir pelo o que vale a pena lutar, uma vez que você pode estar apenas lutando consigo mesmo. Penso que isso seja a única coisa que é tema em muitas de minhas músicas: o sentimento de se estar perdido.


Fell For You

¡Uno! (2012)



Sempre quis que ¡Uno!, ¡Dos! e ¡Tre! fossem nossa versão power-pop do Exile in the Main Street, e eu entendo que isso pode soar um pouco forte e que a produção não é lá essas coisas. Eu amo aquelas músicas, mas um monte delas parecem estar apenas meio-prontas. Foi uma época esquisita. Eu meio que tive meu próprio colapso particular. Bem, não foi realmente particular. Eu acho que isso foi devido a exaustão extrema. Tem, tipo, 36 músicas nesses álbuns. Isso é loucura. Mas quando eu revisito elas, Fell For You é a que se destaca. Eu estava ouvindo um monte de música power-pop. Eu sempre digo que o power-pop é o melhor gênero musical na terra que ninguém gosta, seja algo nos moldes de Cheap Trick [outra banda]. E foi como “Vamos apenas escrever uma música chiclete e pegajosa sobre sonhos e amor e paixões, e todas as coisas que meio que nos mantêm vivos”.


Essas coisas nunca acabam quando você envelhece. Você sempre encontra pessoas que você quer passar um tempo junto, mas você tem que ser realista sobre esse fato. Quando você é uma criança, tudo bem ser mais impulsivo. Quando você cresce, isso pode causar um monte de destroços na sua vida, então o melhor talvez seja escrever uma música sobre isso.


Ordinary World

Revolution Radio (2016)



Eu atuei em um filme chamado Ordinary World em 2016, e o diretor, Lee Kirk, quis uma música que resumisse vida do personagem. Eu fiz um monte de material novo com isso. Uma delas foi “Outlaws”, a qual está no Revolution Radio. Então eu acabei escrevendo essa música, “Ordinary World”, que soou mais Country, e isso meio que encaixa no filme. É sobre família, realmente. “Where can I find the city of shining light/In an ordinary world?/How can I leave a buried treasure behind/In an ordinary world?" (Onde posso encontrar a cidade de luzes brilhantes Em um mundo normal? Como posso deixar um tesouro enterrado para trás Em um mundo normal?). É justamente sobre descobrir como as coisas mais simples na vida são na verdade as maiores conexões que você pode ter. Nós tendemos a pensar demais em coisas que não são importantes de verdade.


Acho que essa música é uma extensão de “2000 Lights Years Away”, 20 e poucos anos depois. Eu valorizo muito o meu relacionamento. Eu sou profundamente conectado com Adrienne, e eu sou profundamente conectado com o Green Day. Pessoas me perguntam coisas, como, “Porque você mantém esses relacionamentos por tanto tempo?”. Eu não sei. As raízes são importantes pra mim, eu acho.


Love Is For Losers

Love is for Losers (2018)



Eu gravei um álbum como Longshot [projeto paralelo de Billie Joe], no qual é um tipo de extensão de ¡Uno!, ¡Dos! e ¡Tre!, exceto pela parte que eu produzo a mim mesmo e não penso demais nisso. Eu gravei todos os instrumentos, e simplesmente comecei a colocar uns conteúdos no SoundCloud e lancei uns vídeozinhos no Instagram. Isso me ensinou como me divertir novamente gravando música, e o quão maneiro isso pode ser, sabe? Esse foi o conceito que acaba transformando uma banda de verdade. Eu estava mergulhando em músicas mais Rock & Roll e mais, como eu posso dizer, o meio de carreira do Replacementes, ou essa banda que eu amo chamada Exploding Hearts. Eu também estava pensando nos Ronettes e no início dos Beach Boys. Lembro de quando eu criei o riff dessa música, e eu amei a primeira linha, ““I’m riding shotgun in a car that’s broken down" (Eu estou andando de carona em um carro quebrado)”. Isso significa que eu não estou indo a lugar nenhum. É um tipo de música anti-dia-dos-namorados. Acho que voltei para algo que é mais auto-depreciativo e burro, e quando eu sou burro, eu estou na minha melhor forma.


Father Of All

Father Of All… (2020)



Eu tava indo fundo em Motown e música soul, e eu estava tentando canalizar isso. Você meio que tem enfiar uma agulha no Green Day para ter certeza, de repente, nós não estamos nos esforçando demais para algo que não somos. É preciso um estranho equilíbrio. Eu tinha o riff, e eu sentei com o Tré e nós fizemos a demo. Eu estava ouvindo os primeiros discos do Prince. Ele realmente enfia a agulha em todos os gêneros — ele estava tocando funk, R&B, e clássicas músicas de rock, e ele estava apto a fazer dessa sonoridade uma coisa única do Prince. E tudo é em falsete. Eu tentei cantar tudo em falsete. Eu estava tipo, “Eu não quero soar eu mesmo, necessariamente”. Ao mesmo tempo, eu estava nesse depressão meio esquisita, e é sobre isso que essa música é. Eu estava apenas lutando na vida e eu acho que isso tem a ver com a o tipo de cultura na qual vivemos agora. É difícil escrever músicas sobre Trump. Com American Idiot, houve um grito de guerra. Com Trump, é essa toxicidade que está em nossa cultura e nós estamos tão, mas tão divididos a ponto de uma paranóia que nunca tivemos antes. É sangrento e é nojento. Há uma parte que diz: “We are rivals in the riot that’s inside of us" (Somos rivais em uma confusão que está dentro de nós). Senti que isso é o que está acontecendo em nossa cultura. Há essa guerra civil que está se formando. Com Mike tocando o baixo, ele meio que criou essa música do Green Day. E eu nunca estive tão orgulhoso de um single em minha vida.

bottom of page