FATHER OF ALL... - ALÉM DA MÚSICA #2
- António Faneca
- 14 de out. de 2019
- 4 min de leitura
Os anos passam, mas a banda favorita de Deus continua marcando cartas na música, se preparando agora para lançar o seu décimo-terceiro álbum de estúdio, em fevereiro de 2020.
Depois de um Revolution Radio bem recebido pela crítica e pelos fãs em geral, o lançamento oficial da faixa Father of All... veio revelar uma nova tendência do grupo.
Trazendo consigo algumas das caraterísticas memoráveis dos primeiros trabalhos do Green Day - faixas curtas, agressivas e bem aceleradas - Father of All... agrega ainda novos experimentos em termos de sonoridade, construção lírica e vocais.

Neste artigo vamos explorar a faixa-título desse álbum e tentar refletir sobre a nova abordagem criativa que Green Day está propondo para seu projeto de estúdio mais recente.
A Letra
Original
I woke up to a message of love
Choking up on the smoke from above
I'm obsessed with the poison and us
What a mess, because there's no one to trust
Huh-uh, come on, honey
Huh-uh, count your money
Huh-uh, what's so funny?
There's a riot living inside of us
I got paranoia, baby
And it's so hysterical
Crackin' up under the pressure
Looking for a miracle
Huh-uh, come on, honey
Lyin' in a bed of blood and money
Huh-uh, what's so funny?
We are rivals in the riot inside us
I'm impressed with the presence of none
I'm possessed by the heat of the sun
Hurry up 'cause I'm making a fuss
Fingers up 'cause there's no one to trust
Huh-uh, come on, honey
Huh-uh, count your money
Huh-uh, what's so funny?
There's a riot living inside of us
I got paranoia, baby
And it's so hysterical
Crackin' up under the pressure
Looking for a miracle
Huh-uh, come on, honey
Lyin' in a bed of blood and money
Huh-uh, what's so funny?
We are rivals in the riot inside us
Huh-uh, come on, honey
Lying in a bed of blood and money
Huh-uh, what's so funny?
We are rivals in the riot inside us
Huh-uh, come on, honey
Lying in a bed of blood and money
Huh-uh, what's so funny?
We are rivals in the riot inside us
Oh, yeah
Tradução
Eu acordei com uma mensagem de amor
Sufocando com a fumaça de cima
Estou obcecado pelo veneno e por nós
Que bagunça, pois não há ninguém em quem confiar
Huh-uh, venha, querida
Huh-uh, conte sua grana
Huh-uh, o que é tão engraçado?
Há um caos vivendo dentro de nós
Eu tenho paranóia, amor
E é tão histérica
Pirando sob pressão
Procurando por um milagre
Huh-uh, venha, querida
Deitado em uma cama de sangue e dinheiro
Huh-uh, o que é tão engraçado?
Somos rivais no caos dentro de nós
Estou impressionando com a presença de ninguém
Estou possuído pelo calor do sol
Se apresse, pois estou criando uma confusão
Dedos levantados, porque não há ninguém em quem confiar
Huh-uh, venha, querida
Huh-uh, conte sua grana
Huh-uh, o que é tão engraçado?
Há um caos vivendo dentro de nós
Eu tenho paranoia, amor
E é tão histérica
Pirando sob pressão
Procurando por um milagre
Huh-uh, venha, querida
Deitado em uma cama de sangue e dinheiro
Huh-uh, o que é tão engraçado?
Somos rivais no caos dentro de nós
Huh-uh, venha, querida
Deitado em uma cama de sangue e dinheiro
Huh-uh, o que é tão engraçado?
Somos rivais no caos dentro de nós
Huh-uh, venha, querida
Deitado em uma cama de sangue e dinheiro
Huh-uh, o que é tão engraçado?
Somos rivais no caos dentro de nós
Oh, sim
O Contexto
Depois do lançamento de Revolution Radio e Back in the USA, ficou clara uma certa tendência da banda de evoluir o seu som para algo mais semelhante ao que já haviam feito no passado, principalmente na era de American Idiot/21st Century Breakdown.
No entanto, para surpresa de boa parte dos fãs, as letras cuidadas e baladas melancólicas deram lugar à raiva descontrolada e confusão de Father of All..., que de imediato faz lembrar Dirty Rotten Bastards, pelo ritmo acelerado e moldes líricos.
Father of All... é o single de lançamento do recém-anunciado álbum de Estúdio de mesmo nome, que será lançado em Fevereiro de 2020. Poder ler mais sobre tudo o que sabemos sobre ele aqui.
O Significado
Em declarações para o Howard Stern Show, na rádio SiriusXM, Billie Joe falou o seguinte sobre a faixa:
"É meio que uma combinação de algo político, mas ao mesmo tempo lida com depressão e, então, é a primeira vez que eu escrevi sobre dinheiro."
De seguida Howard Stern pergunta a Billie Joe quais os seus sentimentos em relação a dinheiro, ao que Billie responde:
"É um misto de emoções. É a síndrome do impostor, ou algo do gênero. [...] Viemos de passados de tanta pobreza que [...] agora ter o que nunca tive é uma viagem!"
Ainda quando do lançamento do vídeo oficial da faixa, Billie deixou uma mensagem na descrição do vídeo para todos os fãs:
"[...] Nós queriamos fazer algo sobre dançar. Ansiedade. Tribalismo. Alegria... e violência pura e crua. É a nossa história. Falo de todos nós. [...]"
Tomando como referência as próprias declarações de Billie a respeito da faixa, Father of All... nos leva até um mundo apocalíptico, onde qualquer réstia de amor e felicidade é sufocada pelo estresse e agressividade do ambiente que o rodeia ("Eu acordei com uma mensagem de amor / com a fumaça de cima").
Nesse sentido, Billie sente-se sozinho e abandonado, "porque não há ninguém em quem confiar".
Com a chegada do próximo verso, todo esse nervosismo e ansiedade dão lugar a raiva e, de forma até algo provocador, Billie dispara as razões que, para ele, são as principais causadoras desse mundo horrível em que se encontra: dinheiro e depressão.
Quando tudo o que nos preocupa é dinheiro ("conte sua grana") e acreditamos que ele será a solução para todos os nossos problemas, acabamos nos esquecendo de que o verdadeiro problema está dentro de nós próprios ("Há um caos vivendo dentro de nós").
Assim, Billie toma o primeiro passo e admite seus próprios desafios e conflitos internos com paranoia e ansiedade (tal como relatado em Basket Case e Dirty Rotten Bastards).
Esses "demônios" que temos dentro de nós e que, muitas vezes, decidimos ignorar, vão ganhando mais e mais força a cada dia, até que acabamos "pirando sobre pressão", "procurando por um milagre" que nos salve de nós próprios.
Nesse sentido, e olhando uma última vez para o mundo apocalítico em que se encontra, Billie chega à conclusão de que todos "fazem a cama em que se deitam". As pessoas criaram e são os principais responsáveis pelo rumo horrível que esse mundo tomou.

Ou seja, foi a incapacidade de TODOS em lidar e aceitar seus próprios problemas que levou a que, agora, cada um esteja "deitado em uma cama de sangue e dinheiro", representando a dor/sofrimento que causamos nos outros e a nossa ganância auto-destrutiva.
Tal como Billie referiu, "Ansiedade. Tribalismo. Alegria... e violência pura e crua. É a nossa história." A história de todos nós.
Esse mundo fictício e apocalítico não é tão diferente daquele que conhecemos hoje, não é mesmo?
Análise excelente! A música tem mais sentido e ganhou até mais peso pra mim agora rs. Acho incrível o como, mesmo que num estilo diferente, ela tenha tanto a cara do green day...
Eu achei a música ruim, horrível na verdade, ao vivo melhora um pouco. Minha interpretação dessa música, é que a banda tacou um foda-se para tudo, para opnião pública, para os fãs, para a gravadora, empresários, etc. Isso é bom e ruim, dependendo do ponto de vista.