CONFIRA A SEGUNDA PARTE DO ESPECIAL DO GREEN DAY NA KERRANG!
- Green Day Brasil
- 23 de set. de 2019
- 8 min de leitura
Semana passada postamos a primeira parte da entrevista exclusiva do Green Day para a revista Kerrang! Confira agora o fechamento da matéria que saiu na edição mais recente, em mais uma tradução exclusiva da Green Day Brasil.
SE SENTINDO MUITO BEM
Bem-vindos à segunda parte de nossa exclusiva com Green Day, como os punks de Berkeley fazem seu mega retorno, uma conversa sobre novas músicas, redes sociais e... espadas samurais...
“O problema com o rock”, começa Billie Joe Armstrong, “é que todo mundo continua em busca da música “se sinta bem” do ano. O rock não é para te fazer se sentir bem – é para te fazer se sentir como um filho da puta mau!”
O frontman do Green Day está atualmente sentado em belos escritórios da sede da Warner Records em Los Angeles, Califórnia, respondendo às questões da Kerrang! a respeito do cenário musical que ele, o baixista Mike Dirnt e o baterista Tré Cool estão retornando. E muita coisa mudou para os heróis da Bay Area desde o Revolution Radio de 2016: Billie Joe saiu e criou seu próprio projeto paralelo de punk rock, The Longshot, ele e Mike formaram uma banda de covers, The Coverups, e mais recentemente, o grupo devidamente se reuniu para gravar o novo álbum com 26 minutos de duração: Father Of All... (embora quando se referem ao álbum, os membros da banda o chamam pelo nome completo: Father of all Motherfuckers).
O Green Day também tem tido uma mudança de atitude entre seus vários empreendimentos nos últimos três anos – e somando isso com o impacto refrescante do novo produtor Butch Walker no álbum de número 13, a banda incorpora a liberdade em 2019. Liberdade para experimentar, para avançar os limites e notavelmente não escrever a próxima música “se sinta bem” do ano.
“Eu acho que eu tenho me culpado [no passado],” Billie Joe explica seu pensamento, com um considerado sotaque californiano, destacando o hit ‘Still Breathing’ da banda como um bom exemplo da sua agora descartada abordagem de composição. Uma ode sincera àqueles que superaram problemas (o cantor de 47 anos incluso; Billie estava recentemente livre da reabilitação no momento em que isso está sendo escrito), a faixa do Revolution Radio até mesmo gerou um movimento mundial, o #StillBreathing para os fãs participarem. Father of All..., embora, será algo inteiramente diferente para os já leais seguidores abraçarem.
“Uma música como Still Breathing poderia ser construída como, ‘Eu sobrevivia escuridão, cara!’“ elabora Billie Joe, “e é tipo, ‘Bem, isso não tem graça. A escuridão é até que legal’”.
“Isso é onde a coisa boa fica...” Mike ri dando dicas do que está por vir.

É uma atitude recém-descoberta que não só se infiltrou tanto no próximo capítulo do Green Day quanto o envolveu completamente. Pegando sua apreciação pelo lado mais arrojado da vida e correndo sem restrições com isso, Father of All... é um caldeirão de um álbum que reflete “dança, tribalismo, ansiedade, alegria, violência, drogas [e] bebida”, de acordo com Billie Joe.
Assim como naturalmente pega a influência de suas bandas favoritas de punk e rock and roll, o grupo recentemente tem puxado inspiração da improvável fonte do hip-hop.
“Eu amo a atitude disso”, Billie Joe pontua. “É direto ao ponto e muito ‘foda-se – olhe para mim’. É uma história sendo contada. Alguém como Kendrick Lamar pode pintar um retrato da vida e é tão real.”
A noção de gênero - ou a falta dela - é algo que também é jogado como uma parte da mentalidade musical com Father of All… De fato, enquanto Billie anunciava o álbum semana passada, ele escreveu nas redes sociais que "Esse álbum é O Novo! Soul, Motown, Glam e um hino maníaco. Punks, estranhos e justiceiros… o rock perdeu suas bolas. Nós vamos esfregar o pau na cara de todos esses filhos da puta".
Ele elabora para a Kerrang!, em, hmm, termos menos gráficos hoje.
"Eu acho que o gênero significa menos e menos agora", o frontman considera. "Eu gosto da maneira que as pessoas estão, do tipo de bagunçar com coisas de estúdio. Eu gosto de chamar de ' gênero fluído', porque eles estão pegando diferentes elementos. Eu vejo crianças usando tipo uma jaqueta de couro com Birkenstock (marca de calçados), e camisas tingidas e shorts, e eles tem bigode e um mullet. E você tá tipo 'essa é a coisa mais feia que já vi na vida (risos)!".
"Mas como você ainda é legal?!". Adiciona Mike.
"Yeah, você tá fazendo funcionar". Billie ri concordando.
Assim como sua renovada abordagem de composição, o Green Day também tem se encontrado mantendo um olho vigilante sobre como a música é lançada atualmente.
"Sempre fazemos álbuns, e álbuns demoram para serem feitos," Billie Joe explica. "Mas agora, com a nova maneira de fazer as coisas, eu gosto do pensamento de lançar mais músicas do Green Day quando quisermos - e não necessariamente contribuindo para um álbum. Apenas bons singles e brincando com o novo formato de streaming. Eu sinto que é excitante você poder fazer o que quiser."

“Os novos artistas também podem fazer isso”, pontua Mike, um pouco invejoso. "Os contratos de álbuns são antiquados. Hoje em dia é do jeito como as coisas são: pessoas fazem músicas em seus porões e lançam".
De fato, desde a grande revelação de Father of All… Green Day tem abertamente feito alusão ao lançamento de novas músicas, talvez uma das maiores bandas de rock do planeta logo estará embarcando na onda do 'faça uma música no seu porão'. Por agora, vamos ir mais fundo no mais recente ponto de seus imprevisíveis e inimitáveis 30 anos de carreira…
Em fevereiro desse ano, todos os membros do Green Day seguiram uma misteriosa conta no Instagram chamada 'Songs for Assholes'. Com uma bio enigmática (Se você está batendo na porta, não pertence a esse lugar), um avatar de um crânio e ossos cruzados, e apenas 17 seguidores comprometidos de Billie Joe, Mike, Tré, Butch e membros do círculo próximo da banda, fãs com olhos atentos descobriram - e tentaram ter acesso - a página privada começou a levantar questões. Crescendo cada vez mais na taxa em que a página era atualizada (todo dia até o fim de março), os entusiastas de Green Day só podiam se perguntar o que tudo aquilo significava. Que tipo de fotos e vídeos estavam sendo postados? Seria Songs for Assholes o nome do novo álbum? Ou como chegamos a esperar nos anos recentes, estava a banda simplesmente enrolando as pessoas?
Como sabemos agora, é claro, Songs for Assholes não é o nome do próximo álbum do Green Day. Contudo, não sabemos mais do que isso. Coloquei isso para os membros da banda hoje e eles olharam de relance, de canto de olho um pro outro evitando o olhar curioso da Kerrang. Qual é caras, sobre o que tudo isso se trata?
"Você não gostaria de saber!" Mike diz rindo.
"Você é um babaca?" Pergunta Billie Joe.
Bem, se isso vai significar que vamos descobrir os segredos de Songs for Assholes, então, com certeza…
"É um vislumbre para algum tipo de mundo de outra pessoa", isso é o mais próximo de uma resposta que Mike divulga. "Eu não sei se esse mundo é realidade ou não - da mesma forma que toda conta no Instagram".
"Pode ser um portal para algum lugar", acrescenta Tré sem ajudar.
Não cometa erro: Green Day está se divertindo em ser uma banda agora. E o seu uso das redes sociais para mexer com a excitação tem sido uma grande parte de seu divertido processo.
"É só diversão e nossos fãs amam isso!" Se entusiasma Mike. "Eles tem um grande senso de humor - especialmente se eles nos conhecem".
Não que o trio esteja sempre empolgado com o que vêem online.
"Eu meio que desprezo o Twitter," Billie Joe cospe. "eu acho que é o inferno na Terra… ou nos céus, ou o que seja. Mas o Instagram é divertido. O que eu gosto é que se você coloca um flyer ou alguma coisa, é como um flyer em um esteroide. São só fotos divertidas aqui e ali, falando sobre música que você gosta, falando sobre pessoas que você admira, e coisas que são divertidas. Eu tenho sido menos político, porque as redes sociais podem ser um lugar terrível para se colocar sua política. Minha política vem através da minha composição e conversas com pessoas individualmente, mas eu aprendi que colocar sua merda pra fora lá [nas redes sociais] só é tóxico…"
Como Billie Joe coloca, ele simplesmente não tem tempo para pessoas de "avatar de versões deles mesmos".
"Eu só sinto que é tipo um punhado de mentirosos". Ele dá de ombros.
"E eu sempre penso que quando você vai ao banheiro e vê grafite na parede - isso é o que eu acho de seções de comentários, e é geralmente escrito enquanto alguém está cagando [risos]. "Não há cuidado em o que alguém está dizendo ou fazendo."
É por essa razão que Songs for Assholes aparentemente se tornou uma saída tão agradável para a banda. E se a gente tiver uma amostra do 'portal', haverá muitas façanhas interessantes para explorar através dos membros do Green Day e Butch.
"Todos nós entramos na garagem e fizemos caratê", Billie Joe fala de seu tempo no estúdio. "Nós fizemos" acena Tré. "Nós tínhamos espadas samurais".
Espera - vocês tinham o que?
"Yeah!" Tré responde, antes de perguntar o tipo de questão hipotética que só ele faria "De que outra forma você iria cortar melancias?"
Aparentemente Butch também tem habilidades com lâminas.
Green Day elogia seus talentos musicais, habilidades de produção e personalidade em geral. Em resumo: ele se encaixou bem e o trio estava interessado em aprender com ele.
"Nós definitivamente queríamos ir um pouco pra escola", explica Billie Joe. "Eu respeito muito o Butch. Ele é um grande compositor, então foi ótimo ser capaz de falar sobre músicas, e ele poderia me dar ideias de diferentes abordagens, arranjos ou melodias. E ele é um cara bom. Ele é apaixonado, ele tem uma energia lá em cima, e isso foi como um sopro de ar fresco que a gente não vinha tendo há um bom tempo… eu não sei, ele apenas é ótimo. Nós sabíamos o que estávamos tentando fazer com a criação desses novos elementos".
"O mundo e o ambiente dele estão muito fora do nosso" acrescenta Mike.
"Eu ia dizer algo como isso também." Tré acena concordando. É tipo, "Como não conhecemos esse cara 20 anos atrás?!"
Ele se encaixa bem com nossa cultura, nossa personalidade, nossos gostos. E com Butch ao seu lado, o Green Day conjurou o balanço perfeito de uma nova pegada em seu som, enquanto também permanecia completamente verdadeiros com eles mesmos.
"Houve tempos em que eu tentava escrever um certo tipo de música", diz Billie Joe, "e você vem com alguma coisa na qual fica 'Oh meu Deus, isso vai ser muito bom - eu sou um gênio!' E então de repente você para tudo, ouve de novo e pensa 'Essa é a maior merda que já ouvi na minha vida'" (ele ri), “mas é uma porta de entrada para a música que irá aparecer eventualmente”.
"Eu acho que isso é uma parte importante dessa banda", acrescenta Mike. "Nos levando a esses lugares excitantes e estranhos. Você não pode reprimir o processo criativo. Faça essa bagunça e resolva depois."
E Father of All… é só o começo do mais brilhantemente bagunçado capítulo do Green Day a se encontrar.
"As pessoas tem eras de Green Day agora, e o inesperado poderia estar atrás de você ou na sua frente" Mike sorri. "Para nós, está sempre na frente. Apenas divirta-se".

ULTRA MEGA OK
Saiba porque a Hella Mega Tour vai mandar no verão 2020…
Father of All… já soa perverso ao vivo
Father of All… já se encaixa perfeitamente no setlist do Green Day! Tanto que eles tocaram em L.A. semana passada.
E saiba que o novo álbum virá com tudo
Com um estilo rock de garagem cru, enérgico, de Father of All… o resto do álbum irá entregar inevitavelmente os melhores lives também. E com a duração de 26 minutos, o Green Day pode tocá-lo na íntegra.
Eles já tiraram a poeira dos velhos clássicos
Ano passado o trio passou pelo seu arsenal de clássicos durante os ensaios, simplesmente por diversão. Infelizmente eles não deixaram ninguém mais ouvir. Talvez eles estejam guardando para Hella Mega Tour.
É um aceno para as tours épicas dos anos 90
Peter Wentz do Fall Out Boy explicou o conceito da tour: "eu me lembro de um verão em que Guns and Roses e Metallica fizeram uma tour em estádio e meus pais não me deixaram ir". Agora o baixista quer fazer o equivalente em 2020.
Serão perigos de ponta a ponta
Entre todas as três bandas, é quase impossível contar seus hits. É um show que poderia durar a noite toda. E esperamos que dure!.
Tradução: Igor Duarte
Revisão: Maicon Cássio Riediger
Comments