AMANDA - ALÉM DA MÚSICA #1
- Green Day Brasil
- 23 de out. de 2015
- 5 min de leitura
Acompanhe abaixo nossa análise “Além da música” e partilhe nos comentários sua opinião e testemunho do que essa música significa para você. Vamos debater!
O Green Day ficou conhecido mundialmente devido a sua irreverência e ao seu punk-rock rápido e energético, combinando a força e energia características do Punk com melodias únicas e surpreendentemente bem desenvolvidas para uma banda da Bay Area de São Francisco.
No entanto, para nós fãs, Green Day vai muito além disso, muito além da música. A repercussão irreverente de Tré Cool, o baixo incrivelmente ritmado e melódico de Mike Dirnt e a voz melódica de Billie Joe Armstrong são algumas das caraterísticas que nos levaram a querer conhecer o mundo de Green Day. Mas o que realmente nos levou a ficar apaixonados pela banda são os significados por trás das músicas.
É mais do que certo. Em todo o vasto repertório da banda, sempre haverá pelo menos uma música que reflete exatamente um momento de sua vida e o ajuda a seguir em frente. A banda me ajudou a ultrapassar alguns dos momentos mais complicados da minha vida e, se você está lendo este artigo, com certeza o ajudou também.
Para partilhar a minha experiência e a minha interpretação do significado de algumas das músicas mais enigmáticas da banda iremos aprofundar o estudo da letra de cada música e compartilhar – tanto eu escrevendo os artigos, como vocês nos comentários – a interpretação que cada um de nós faz dos temas e o que eles significam para todos nós.
Hoje, a pedido de uma fã via Twitter, estaremos analisando Amanda, uma das músicas mais melancólicas e ritmadas de toda a trilogia, lançada pela banda em 2012.
Acompanhe abaixo nossa análise “Além da música” e partilhe nos comentários sua opinião e testemunho do que essa música significa para você. Vamos debater!
O contexto
Amanda é a oitava faixa do terceiro e último disco da trilogia de álbuns lançada pela banda em 2012, intitulado ¡Tré!.
Lançado a 11 de Dezembro de 2012 nos Estados Unidos, o álbum vendeu cerca de 58 mil exemplares em sua primeira semana, mantendo a tendência negativa de vendas de seus dois antecessores (¡Uno! e ¡Dos!, mais especificamente).
Esses resultados comerciais menos positivos se devem maioritariamente à falta de uma campanha de marketing em massa (tal como American Idiot e 21st Century Breakdown receberam) e à falta de disponibilidade da banda para promover o lançamento (devido ao colapso que Billie Joe Armstrong teve durante uma apresentação no iHeart Festival, de onde foi de imediato transferido para um centro de reabilitação, onde permaneceu durante os meses seguintes).
Apesar de tudo isso e da dificuldade de muitos fãs em aceitar a mudança de trajetória sugerida pela trilogia, algumas faixas merecem uma menção honrosa, não só por fazerem relembrar os ritmos tresloucados e energéticos de outros tempos, mas também pela forma honesta e translúcida como transportam o ouvinte diretamente para a alma e momentos mais marcantes da vida de Billie Joe.
Amanda é claramente uma dessas faixas. Veja mais abaixo a sua letra, tradução e uma análise crítica de possíveis significados da música.
A letra
Original Amanda, don’t you know? That I still walk around This foggy round about When I get back in town
I was a different man From 5 seconds ago And you’re a different woman, that’s for certain I don’t know a thing about
Is this some kind of love That only hate would understand? Amanda, I couldn’t be your man
Amanda, don’t you know? I wasn’t strong enough And in your wild mind I wasn’t smart enough
I was a different kid From 15 years ago And you’re a different woman, that’s for certain And I wanna know about
Is this some kind of love That only hate would understand? Amanda, I couldn’t be your man
I’m not playing with your mind Unless you think I am Cause you were crushing my heart Like a battering ram
Is this some kind of love That only hate would understand? Amanda, I couldn’t be your man
Tradução
Amanda, você não sabe? Que eu continuo andando por aqui Esta caminhada desfocada Quando estou de volta na cidade
Eu era um homem diferente Há 5 segundos atrás E você é uma mulher diferente, isso é certo Eu não sei nada sobre
Será este um tipo de amor Que apenas o ódio poderá entender? Amanda, eu não poderia ser o seu homem
Amanda, você não sabe? Eu não era forte o suficiente E em sua mente selvagem Eu não era inteligente o suficiente
Eu era um garoto diferente Há 15 anos atrás E você é uma mulher diferente, isso é certo E eu quero conhecer
Será este um tipo de amor Que apenas o ódio poderá entender? Amanda, eu não poderia ser o seu homem
Eu não estou brincando com sua mente A menos que você pense que eu estou Porque você está despedaçando meu coração Como um aríete
Será este um tipo de amor Que apenas o ódio poderá entender? Amanda, eu não poderia ser o seu homem.
O Significado
Em um show em Novembro de 2011, na introdução dessa música, estas foram as palavras de Billie Joe Armstrong (tradução livre):
“Você sabe, existem essas pessoas…tipo, você tem um primeiro amor e de repente eles se transformam em um sonho recorrente. Um sonho recorrente que acontece a toda a hora. Então, esse sonho recorrente me aconteceu, começando com a música ‘She’. E depois meio que viajou e encontrou seu caminho até outra música chamada [‘Stuart and the Ave’]. E depois encontrou seu caminho até American Idiot, numa música chamada ‘Whatsername’… mas agora, viajou de novo e eu digo ‘Que se foda, eu vou dar um nome a essa garota. Que se foda, já passaram malditos… 19 anos.’ Essa música se chama ‘Amanda’.”
Tendo em conta o excerto acima transcrito, é fácil perceber que essa música é dedicada a uma garota que ele conheceu e por quem se apaixonou de tal forma que, mesmo hoje, décadas depois, ela continua assombrando seus sonhos.
Os rumores apontam para que a identidade de “Amanda” esteja associada a uma jovem militante, também ela do cenário punk-rock de Gilman Street.
Depois de um breve relacionamento, “Amanda” acabou terminando a relação com Billie Joe Armstrong, o que teve um efeito bastante acentuado no jovem Billie.
Nessa música, Armstrong recorda o seu relacionamento e assume toda a responsabilidade pelo término da relação (“Eu não era forte o suficiente E em sua mente selvagem Eu não era inteligente o suficiente. Amanda, eu não poderia ser o seu homem.”).
Agora, reencontrando o seu primeiro amor todos esses anos depois, ele se apercebe que ela mudou muito e admite que também ele deixou de ser o garoto que ela conheceu (“Eu era um garoto diferente Há 15 anos atrás E você é uma mulher diferente Isso é certo”).
Mesmo assim, ele parece incapaz de afastar a imagem de “Amanda” de sua cabeça e demonstra interesse em se reconectar com ela e conhecer a pessoa em que ela se tornou (“E eu quero conhecer [quem você é hoje]”).
No entanto, apesar desse desejo e dessa tentação, ele sabe que eles não foram feitos para ficarem juntos e, como tal, o único lugar onde ele a continuará a encontrar será nos recantos obscuros de seu passado (“Será este um tipo de amor Que apenas o ódio poderá entender? Amanda, eu não poderia ser o seu homem.”).
Em uma entrevista mais recente, Billie voltou a referir essa música e seu relacionamento, no passado e na atualidade, com a “verdadeira Amanda”. Eis uma tradução livre de suas palavras:
“Sim, ela [Amanda] aparece em ‘Amanda’ e em músicas tão antigas quanto ‘Stuart and the Ave’. Ela é uma velha amiga de há muito tempo atrás, meio que como um sonho recorrente. Ela apareceu em diferentes músicas agridoces aqui e ali [que nem ‘Good Riddance (Time of your Life)’]. Eu escrevi a música ‘Amanda’ de uma perspetiva de, ‘Ok, agora nós somos adultos. ‘ Ela tem os seus filhos e maridos e eu tenho minha família. Só queria perguntar ‘Como você está? Como vai sua vida? Isto é o que eu estou fazendo’. Nós tivemos uma chance de reconectar e falar por um pouco. E foi apenas isso.”
Bem, parece que primeiro amor é realmente eterno, não é mesmo?
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